segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sereias

As Sereias são as mulheres-pássaros segundo as fontes gregas, e as mulheres-peixes segundo as fontes nórdicas, que simbolizam principalmente os perigos do oceano e a morte no mar. Narrações posteriores tornaram-nas mulheres jovens vivendo no mar, sem a conformação de peixe (é o caso da "Siren" inglesa, diferente da "Mermaid", que tem cauda de peixe), como as Mulheres do mar das lendas bretãs, que são uma espécie de fadas marinhas. Para a mitologia grega, elas viviam em uma ilha do Ponnant, perto da ilha da feiticeira Circe; mas o cadáver de uma delas, Partênope, foi encontrado na Campânia e deu seu nome à cidade que hoje se chama Nápoles (antes, Partênope). Na antiguidade, as sereias eram também invocadas no momento da morte, por isso, muitas estátuas que as representavam eram encontradas nos sepulcros. Deve-se acrescentar que se acreditava realmente na existência das sereias, sendo conhecidas várias histórias de sereias vivas. A obra literária mais antiga que existe sobre elas se encontra na "Odisséia" de Homero, escrita no ano 850 a. C., na qual o herói, Ulisses, alertado pela feiticeira Circe, não cai prisioneiro de seus encantos, ao passar próximo da ilha onde habitam, tapando os ouvidos dos marinheiros e fazendo-se atar no mastro do navio. Desde então, as sereias passaram a ser um símbolo mitológico das artes da sedução e da atração feminina.

Segundo essas crenças, as sereias não só seduzem os homens para dar-lhes a morte, mas a sua aparição também era anúncio de tempestades e desastres. O historiador romano Luciano, do século II d. C., já se referia a uma extraordinária figura pisciforme como deidades oceânicas.

Segundo algumas crônicas, no ano 558, uns pescadores de Belfast Lough (Irlanda do Norte), ouviram o canto de uma sereia e foram pescá-la com suas redes.

Conseguiram resgatar uma sereia que se chamava Liban, filha de Eochaidh, na praia de Ollarbha, na rede de Beon, filho de Inli. A colocaram num aquário, do mesmo modo que um peixe e ali ela permaneceu por durante 300 anos. Durante esse tempo, desejou ardentemente por sua liberdade. Uns monges piedosos resolveram libertá-la, mas antes a batizaram segundo o rito cristão, dando-lhe o nome de Murgen, que significa "nascida no mar". Depois desejou a morte para salvar sua alma. Desde do dia que morreu ficou conhecida como a Santa Murgen, aparecendo com essa denominação em certos almanaques antigos e no santoral irlandês, sendo atribuídos à ela vários milagres. Você já tinha ouvido falar numa sereia santa? Pois não é freqüente essa simbiose entre o paganismo e o cristianismo.

Em algumas descrições célticas antigas, as sereias tinham um tamanho monstruoso, apresentando quase dezoito metros de altura. Essas medições foram possíveis porque elas penetravam pelos rios e podiam ser encontradas em lagos de água doce.



SEREIA ASSASSINA


Um exemplo típico de sereia selvagem é a que aparece no conto "O Senhor de Lorntie", que conta Robert Chambers em "Popular Rhymes of Scotland":

"O jovem Senhor de Lorntie, em Forfarshire, regressava uma tarde de uma excursão de caça, acompanhado somente por um criado e dois cães galgos, quando, ao passar junto de um lago solitário situado a umas três milhas ao sul de Lorntie, e que naquela época estava completamente rodeado de bosque, ouviu os gritos de uma mulher que parecia estar afogando-se.

Sendo de caráter intrépido, o jovem lord pulou do cavalo e se dirigiu a margem do lago, e ali viu uma bela mulher que lutava com a água e parecia estar à ponto de afogar-se.

-"Socorro, socorro, Lorntie!", exclamou.

"Socorro, Lorntie, socorro, Lor...." e as águas, penetrando em sua garganta, pareceram afogar os últimos sons de sua voz. O Lord, incapaz de resistir a um impulso de humanidade, se lançou no lago, e quase ia agarrar os loiros cabelos da dama, que flutuavam como madeixas de ouro sobre a água, quando seu criado o segurou por trás e o obrigou a sair do lago.

O servo, mais perspicaz que seu amo, se deu conta que aquela era um espírito aquático.

"Espera, Lorntie, espera um instante!", exclamou o fiel servo, "aquela dama não era outra, Deus nos proteja! que uma sereia!"

Lorntie, imediatamente reconheceu a verdade dessa asseveração, que, enquanto montava de novo em seu cavalo, se viu confirmada quando a sereia, tirando meio corpo para fora da água, exclamando um voz de frustração e ferocidade diabólica:

"Lorntie, Lorntie, se não fosse por teu criado, teria seria sido uma presa muito fácil!".



SEREIA CURADORA




Uma bonita história de uma sereia que dá conselhos médicos é a que cita Chambers em "Nithsdale and Galloway Song" de Cromek:

"Um homem chorava por sua namorada, uma encantadora jovem a que a tísica havia levado à margem da tumba.

Com um tom de doçura vivificante, aproximou-se dele uma boa sereia e cantou:

"Deixarias morrer a bonita May em tuas mãos, e a artemisa florescer nos campos?"

O jovem arrancou e espremeu as corolas e deu o suco a sua bela namorada, que se levantou e agradeceu a sereia por haver lhe dado de volta a saúde."

Alguns autores têm uma visão favorável das sereias. Renfrewshire confirma esse pensamento através de um conto sobre uma sereia que emergiu da água enquanto passava o funeral de uma jovem, e disse queixosamente:



"Se bebessem urtigas em março

e comessem artemisa em maio,

não iriam para tumba

tantas elegantes donzelas".



A artemisa era muito usada para a tísica. As sereias tinham grandes conhecimentos sobre ervas, além de poderes proféticos.



LUGARES ONDE SEREIAS APARECEM

Cantábrico, que banha a costa norte da Península Ibérica, já teve fama de ser um mar muito povoado de sereias. No ano de 1147 uma grande expedição marítima levou um exército cristão do norte da Europa à Terra Santa, no começo da segunda cruzada. Por uma carta que se conserva na Biblioteca do Colégio de Cristo da Universidade de Cambridge, escrita pelo cruzado Osbone, sabemos que a frota saiu do porto de Dartmouth, ao sudoeste da Inglaterra "na sexta-feira anterior à Ascensão de Cristo", e que, várias jornadas depois, foi dispersada por um forte temporal um dia antes que pudessem alcançar o porto de Mala-Rupis (Gijón).



O relato de Osbone, traduzido por Jesus Evaristo Casariego, diz assim:



"A noite que se seguiu (ao temporal), apavorou todos os nautas, por mais serenos que fossem. Entre todos os perigos, escutamos os horríveis alaridos das sereias, que primeiro eram como gritos de dor e logo de riso e gargalhadas, tal como se de seus castelos nos insultassem."



Na Idade Média, na Inglaterra, elas se chamavam "Mermaids", ou filhas do mar, que se diferenciavam das "Siren", que eram as sereias clássicas, ou seja, as mulheres-pássaros. A crença da real existência das sereias se manteve até muito depois do início da Idade Média, apesar da crescente expansão do cristianismo que condenava essas superstições.



Em 1403, perto de Edam, nos Países Baixos, uma sereia passou por uma brecha em um dique e dois jovens a encontraram atolada no barro do canal, coberta de musgo e plantas verdes. Habitou em Haarlem até o dia de sua morte, depois de 17 anos.



-"Ninguém a compreendia", dizia Borges, "porém lhe ensinaram a fiar e venerava como por instinto a cruz", razão pela qual foi enterrada em um cemitério cristão.



Em 1658, foram vistas várias sereias na costa da Escócia, perto da desembocadura do rio Dee. A visão teve tal ressonância que o "Aberdeen Almanac", converteu o local em ponto turístico, prometendo aos visitantes a presença de um grupo de preciosas sereias, criaturas conhecidas por sua beleza incomparável. Comprova-se assim, que a técnica da propaganda enganosa não foi um invento do século XX.



No século XVIII um periódico inglês menciona como verdadeira a aparição de uma "Mermaid" nas costas da Grã Bretanha. Em 1728 o governador das ilhas Moluscas (atual Indonésia), Minher Van Der Stell, contou que havia visto "um monstro semelhante a uma sereia, junto a costa de Borneo, na província de Amboina", medindo aproximadamente 1,50 m. Permaneceu viva em terra, dentro de uma cuba cheia de água quatro dias e sete horas, emitindo de vez em quando um sibilo débil, como uma ratazana.







SEREIAS NA ESPANHA



Na Espanha, segundo Jesus Callego, os relatos de Sereias, sobreviveram no tempo de boca em boca, de geração para geração e estão ligadas às idéias fundamentais: por um lado, seu canto melodioso, que constitui um perigo a evitar pelos seres humanos, já advertido na "Odisséia"; e por outro lado, em todas as lendas que transmitem a idéia de maldição de uma mãe humana faz sobre sua filha, convertendo-se essa em sereia, passando dessa forma, a formar parte do "mundo das fadas".



Na Espanha são encontradas referências de sereias assassinas desde o século XVI, onde os autores, falam delas em suas obras, recorrendo ao sentir popular que sobre as mesmas existia tanto em sua época como muito antes.



Um deles é Juan Pérez de Moya, que faz eco, na "Filosofia Secreta", de uma das qualidades das sereias que devia ser tópica inclusive no século XVI, quando escreve:



"Fingem cantar tão docemente, que os marinheiros as ouvem, admirados da melodia, adormecem e, não olhando por si, as sereias, quando os sentem adormecidos, para depois comer suas carnes."



Já, Antonio de Torquemada, em seu "Jardim de Flores Curiosas" (1570), recolhe outro aspecto tipicamente conhecido das sereias, aceitando a possibilidade de existência, mas não seus comportamentos:



"Comumente, se fala e se trata dessas sereias, dizendo que, do meio do corpo para cima têm forma de mulher, que dali para baixo têm de peixe; representadas com um pente na mão e um espelho na outra, e dizem que cantam com tão grande doçura que adormecem aos navegantes e assim entram nas naus e matam todos que nelas estão adormecidos (...) e embora seja assim, que haja no mar esse gênero de peixe, eu tenho por fábula a doçura de seu canto e tudo a mais que se conta delas."



Em relação a sua organização social, possuem uma rainha, que é a mais bela de todas e que se distingue por levar incrustado na cauda um anel de pedras preciosas que deve retirar ao chegar à praia e voltar a colocá-lo ao regressar ao mar, tal como afirma uma lenda de Begur, na Costa Brava.







SEREIAS MULTIFORMES



As sereias, dentro de suas múltiplas habilidades, podem trocar de forma. A imagem mais comum na Antiguidade Clássica, foi a de mulher-ave, conhecida também como Hárpia, para só na época medieval per se convertido em mulher-peixe.



A sereia-hárpia, cuja imagem apresenta um rosto de mulher e o resto de uma ave rapina, personifica as tempestades e a morte, sendo encarregada de raptar os seres humanos para logo oferecê-los ao deus do inferno. Esse ser aparece descrito por Homero e sobrevive na época de São Isidoro, mantendo-se inclusive até o século XII nas representações das igrejas romanas, porém já não são vistas na arte gótica.



Há também, alguns relatos que uma sereia pode desintegrar sua cauda de peixe e converter-se em uma mulher de aspecto completamente humano. Para Nancy Arrowsmith, quando viajam pelo mar, só podem tomar a forma de mulher-peixe ou golfinho e se o fazem pelo ar, aparecem como gaivotas ou águias (essa é uma qualidade mais própria das nereidas).



Sua altura habitual é de um metro e meio. São muito belas e adoram jóias e pedras preciosas. Como o resto das fadas dormem durante todo o dia e somente é possível vê-las ao amanhecer ou no pôr-do-sol.



As sereias se encontram em todo o litoral do Mediterrâneo espanhol, mas também no Atlântico (aparecem na costa brasileira também), pois seus principais palácios estão próximos das ilhas Açores. Raras vezes são encontradas em mar aberto, pois gostam de aproximar-se das desembocaduras dos rios e das rochas da costa.



O pente de ouro e o espelho são seus atributos mais comuns, mas em algumas partes da Europa também usam um véu, um bolso e têm um cinturão. A posse de qualquer desses objetos permite ter o controle sobre a sereia, podendo inclusive casar-se com ela.



Dentro de suas características genéricas estariam o dom da profecia (que lhes permite proferir maldições), a sugestionabilidade  de sua voz (que lhes permite hipnotizar através dela) e a necessidade de possuir uma alma e filhos.



Muitas são as lendas (Livro de Enoch) que dizem que as sereias tem sua origem no mundo humano, nos dando a comprovação da maldição proferida por uma mãe a sua filha. Seriam as sereias, nada mais do que mulheres humanas em sua origem, mas que acabaram convertidas em espíritos da natureza. Esse fato seria bastante significativo, pois explicaria várias de suas reações: buscam o contato com o homem para casar-se com ele ou para matá-lo, buscam possuir uma alma que perderam quando passaram para esse estado sobrenatural, podem converter-se com facilidade em mulheres com membros e aspectos humanos, não manifestam nenhuma aversão aos símbolos cristãos e sua estatura é maior que das outras fadas.



O francês Benoít de Mallet, publicou, no ano de 1755, uma volumosa obra dedicada as sereias, onde recolheu todo o tipo de lendas relacionadas com elas, chegando a conclusão que eram seres de uma raça humana primitiva, praticamente desaparecida, assinalando sua presença desde a Terra do Fogo até Madagascar.







IMAGEM DAS SEREIAS



A imagem estereotipada das sereias é que têm uma doce e melodiosa voz em que concentram todo o seu poder. Com seu canto podem enfeitiçar e fazer enlouquecer os homens, os pássaros, os peixes, o vento e a água. Como os outros elementais da natureza, se comunicam com todos os seres vivos e são capazes de controlar as forças naturais em seu benefício, dentro de certos limites. Seu poder está associado a lenda negra que conta que elas alcançam seu grau máximo nas noites de lua cheia, quando sobem à superfície e com seus cantos chamam as nevoas, refugiando-se nelas para esperarem os barcos que passam próximos de seus refúgios. Outras vezes, seus cantos são destinados aos ouvidos dos marinheiros que caem enfeitiçados e acabam loucos ou mortos.



As lendas que existem sobre elas, sempre são fábulas um pouco exageradas, pois dizem que o desejo das sereias é afogar jovens marinheiros ou levá-los para seus belos palácios no fundo do mar. Lá, vigiam zelosamente os homens e freqüentemente à eles propõem casamento. Se aceitam seus clamores, os marinheiros são tratados amavelmente e podem viver entre grandes comodidades e luxo, porém se resistirem, passam o resto de sua existência presos, atados com cadeados de ouro.



Pode parecer para todos, que as sereias sejam cruéis, e talvez em certo sentido sejam mesmo, sobretudo da particular visão humana. Não devemos duvidar que os seres elementais acreditem que os seres humanos fazem parte de um mundo imperfeito, um mundo tão material que está perdendo sua relação harmônica com a Gaia (Terra) e que deprecia todas as outras formas de vidas como os espíritos da natureza.



As sereias não são malvadas, simplesmente se deixam levar por seus sentimentos e instintos e embora do nosso ponto de vista seja aparentemente uma forma selvagem de vida, para elas é um ato de amor.







LENDA SOBRE A ORIGEM DA SEREIA



Essa é uma lenda contada em Cantabria (Espanha) sobre a origem da sereia:



"Uma jovem muito linda, de alva pele, esbelta tinha o costume de percorrer as íngremes escarpas da costa para pescar mariscos e também satisfazer a sua paixão de cantar.



Foi repreendida várias vezes por sua mãe para evitar uma possível desgraça e para moderar-se em suas ininterruptas fugas. Porém a jovem, fazendo ouvidos de mercador, nunca levou em conta os pedidos da mãe. Muito pelo contrário, considerava os conselhos da mãe empecilhos que deveriam ser burlados e se deleitava a tagarelar suas canções sobre os penhascos, embriagada de euforia.



Porém, a mãe cansada e farta com tanta desobediência, em um momento de raiva lhe lançou a seguinte maldição:



-Assim permita Deus do Céu que te transformes em peixe!



E, imediatamente a bela jovem fugitiva transformou-se em uma belíssima mulher com rabo de peixe".



Desse conto surgiu uma famosa cantinela que já foi muito popular:



"A sereia do mar

é uma moça muito má

que por uma maldição

a colocou Deus na água.



Sereia do mar,

natural de Santander,

por uma maldição

levas nome de mulher.



Meu destino é ser amante

de uma sereia do mar,

pois amar não poderei nunca

mulher alguma mortal."



Há uma outra canção muito conhecida pelo folclore montanhês:



"Vi encalhada uma sereia

na praia do Puntal;

Eu me aproximei da areia

e ela buscava o mar."



Sabe-se que todo aquele pescador que consegue capturar uma sereia recebe uma recompensa de Lantarão, o rei-tritão do Cantábrico, um presente especial: o direito de casar-se com ela. Para isso, o pescador deve beijar em seguida a sereia, cujo o rabo de peixe se transforma imediatamente em belas pernas.



Em seguida, a sereia entrega seu espelho que deve ser escondido de forma que ela possa achá-lo, pois, se isso acontecer, o feitiço terminas e ela voltará a transformar-se em sereia e deve regressar ao mar. Essa, sempre teve a esperança de retorno ao seu lar, muito embora não queira dizer que não amem seus maridos humanos.







Na Catalunha não existe a idéia da maldição, porém de soberania. Joan Amades comenta que habitam em magníficos palácios submarinos, cheios de fantásticas riquezas, muito iluminados, onde se servem deliciosos manjares e se ouve acalentadoras músicas. A sereia sente uma grande paixão pelos homens e cada noite, quando o mar está tranqüilo e há uma boa claridade da lua, sai à flor das águas e entoa canções de doçura incomparável, acompanhando-se às vezes com um instrumento de corda.



Como quase todas as lendas, também na Catalunha, a sereia foi em princípio humana,muito bela e vivia em povoado pequeno da costa, passando longas horas em frente às águas do mar Mediterrâneo absorta em seus pensamentos. Todas as propostas de casamento que recebia eram recusadas de forma sistemática por que, consciente de sua grande beleza, não podia se casar com um homem que não fosse tão bravo e valente como o mar.



Um belo dia subiu num barco para estar em contato mais próximo do mar e acabou naufragando. Posteriormente, se supõe que, com o passar dos anos, lhe saíram escamas e rabo de peixe, transformando-se em sereia. Talvez, por essa razão tenha o costume de acabar com a vida dos marinheiros ou de provocar tempestades e marremotos.







SIMBOLISMO






O simbolismo mais veemente da sereia é a da sedução mortal. Certamente, ela é tentadora: "As asas da sereia são amor de mulher, que ela está pronta a dar e a retomar", escreve Pierre de Beauvais.



A paixão inflamada que ela inspira é perigosa, porque provém do sonho e do inconsciente, e por isso é sonho insensato, fantasma irreal. Para preservar-se das ilusões da paixão (o amor é cego), é necessário, como Ulisses, agarrar-se à dura realidade do mastro (centro do navio e simbolicamente eixo vital do espírito).



As sereias são o arquétipo que representam a união da Grande Mãe com a água, e esse elemento simboliza os sentimentos, as emoções, a intuição, etc., por isso é freqüente que nas histórias onde elas apareçam haja paixão, amor desenfreado e haja um mortal que acabe morrendo afogado nas águas e em seus sentimentos.



Estamos tão condicionados pelo comportamento atávico da lógica que só um salto no oceano da mente, com a ruptura das cadeias do costume, nos libertará dessa confusão mental que nos induz e crer que o normal é o que nos foi ensinado e a história como nos foi doutrinada. Mas, além de tudo que conhecemos, existe uma outra história, um outro conhecimento de ciência e espiritualidade, um nível supremo inimaginável do que é a magia, do poder sagrado da sexualidade, das forças da natureza, que podem aliar-se conosco, assim como também podemos nos unir a ela, sentindo-a parte nossa, voltando a recordar que somos parte sua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário